Em São Luiz do Quitunde, estudantes precisam superar a precariedade em busca do sonho da faculdade
Por Abidias Martins
Nos próximos dias 22 e 23 de outubro, em todo Brasil, será realizada a prova do ENEM 2011. Através dela "todos" podem chegar à universidade através do SISU, PROUNI, e FIES. Em Alagoas, aqueles que querem chegar ao ensino superior geralmente sonham em ingressar na UFAL (Universidade Federal de Alagoas) que, apesar da falta de investimento, é a mais conceituada universidade do Estado.
Mas esse, nem sempre é um sonho fácil de ser realizado, pelo menos para os alunos da rede pública de ensino que sofrem com os inúmeros obstáculos durante a tragetória de estudo, sobretudo no ensino médio. Os mesmos enfrentam a falta de estrutura, de professores, de estímulo... Em fim, falta de quase tudo, "quase", porque o que não falta é a força de vontade, pois, apesar da precariedade eles mantém o otimismo. É importante ainda salientar que a base familiar também influência bastante nesse processo, e sabemos, muito bem, que muitos jovens são carentes nesse aspecto.
O fato é que esses alunos irão concorrer com outros estudantes de escolas privadas, que por sua vez recebem um ensino de alto nível, visto que seus pais investem continuamente em sua formação para que os mesmos consigam obter êxito no vestibular. Os cursinhos pré-vestibulares também são determinantes em favor dos burguêses. Isso acaba gerando uma inversão no processo de preenchimento das vagas ofertadas pelas universidades, ou seja, a UFAL acaba sendo para aqueles que possuem um poder aquisitivo favorável, enquanto as universidades e faculdades particulares, principalmente CESMAC e FITS, comportam os alunos que estudaram na rede pública, e que têm que trabalhar e estudar ao mesmo tempo.
Algo está errado! Precisamos "acordar" para a realidade. O estado têm dinheiro para corrupção, mas "esqueçe" de investir na educação, e a sociedade assiste a tudo isso passivamente. Percebemos que muitos já estão em estado de alienação, de conformismo. E isso custa o nosso futuro. Dizem que a juventude é o futuro da nação. Então eu pergunto: Que futuro é esse? E a resposta é obvia: é o futuro da consolidação do domínio da classe egemônica sobre a classe desprovida de recursos financeiros. Repito, é preciso despertar, pois somente através da educação poderemos reverter esse quadro.
Em visita a Escola Estadual Professora Maria Margarida Silva Pugliesi, em São Luiz do Quitunde, nesta sexta feira (21), fiz a seguinte pergunta aos alunos concluintes do ensino médio: Qual a sua expectativa em relação a prova do ENEM 2011, diante da realidade do ensino público? As respostas foram as seguintes: " Todos nós sabemos que o ensino público no Brasil, e principalmente em Alagoas é deficiente. Mas estou confiante, sei que será difícil, a concorrência é grande e muitos se prepararam melhor, no entanto irei me esforçar e testar meus conhecimentos." (Taciane, 3º ano A).
"Não estou muito certo na base estrutural para fazer uma boa prova, mas apesar de tudo vou tentando no estudo do dia a dia desenvolver a minha capacidade." (Ladeilson Júnior, 3º ano A).
"Pouca, pelo fato do ensino ser fraco e por competir com alunos de colégios altamente preparados." (Anônimo, 3º ano B).
"Estou muito confiante, mesmo diante da situação do ensino. Estou estudando no intuito de conseguir uma das vagas." (Júlio César, 3° ano A).
Diante dos relatos dos alunos constatamos que eles estão confiantes, mesmo em meio as adversidades, e isso é muito bom. Esperamos que as autoridades olhem com mais carinho para esses jovens que querem apenas ter o direito de estudar para ocupar um espaço profissional na sociedade. E nessa batalha entre Davi e Golias, que é o ENEM, esperamos que haja a superação e a vitória desses brilhantes guerreiros da rede pública, afinal de contas todos têm potencial para isso; somos brasileiros e não desistismos nunca.
Fotos: Abidias Martins I Cique na foto para ampliá-la
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Alunas do 3º ano B
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3º ano B
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Josenias e Júnior |
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Alunos do 3º ano A |
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Alunas do 3° ano B |
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Professor Neto |