sábado, 17 de setembro de 2011

Quem era aquele jovem?

Reflexão: Por Anobelino Martins

           16 de setembro de 2011, feriado alagoano, saio da minha cidade (São Luiz do Quitunde) para passar o final de semana em Maceió.

Estava no ônibus Ufal/Ipioca da empresa piedade. Tudo estava normal, aparentemente me parecia mais uma viagem de ônibus, até que me deparei com uma cena que me intrigou. Do lado direito do motorista havia um jovem com transtornos mentais, ele tinha bermuda e camisa largas, havaianas desgastadas e o semblante pesado pela mente aterrorizada. Era mais um pobre ser humano à margem de uma sociedade injusta e sem compaixão.

Cada vez que o ônibus parava em um ponto, desciam inúmeras pessoas que tinham aproveitado o dia de feriado, provavelmente numa praia. Essas pessoas zombavam do pobre rapaz, e ele, sem ao menos saber o que estava acontecendo provocava os risos para as pessoas que lhe davam atenção. Parecia que ele estava feliz, sentia-se uma celeridade que encantava a todos com o seu número artístico.

Olhando aquela cena eu me interrogava: quem é mais doente, o jovem com seus problemas psicológicos, ou todas aquelas pessoas que zombavam da condição do pobre moço?

Acredito que são as pessoas, pois aquele rapaz não sabia o que estava fazendo, suas ações eram inconscientes. Já as pessoas sabiam muito bem o que estavam fazendo. Estavam achando a maior graça de uma pessoa que tinha problemas psicológicos e físicos.

Por isso volto a interrogar: Quem é mais doente?

Após uns 20 minutos de “espetáculo”, repentinamente, o jovem salta do ônibus e corre por entre o trânsito de Maceió, quase foi atropelado por dois carros que viam em alta velocidade. Continuou correndo pela pista até ser perdido de vista.

Quem era aquele jovem?

Qual era o seu nome?

Ninguém sabia!

Ninguém se importava com seu estado psicológico ou emocional! Queriam apenas se divertir à custa de suas deficiências. Atitude desumana!

Todos eram doentes!

E ele...

Ele era livre... Livre da desumanidade, mais vítima da falta de compaixão dos que caçoavam de suas mazelas.

Parecia-me ouvir a voz do seu coração que dizia através do seu olhar cansado: Não me importa que zombem de mim, ao menos estão me dando atenção!

Autor: Anobelino Martins 

Um comentário:

  1. é incrível como essa cena se repete do decorrer de nossos dias, inúmeras pessoas tentam chamar nossa atenção de várias formas, das mais simples as mais absurdas, mas na maioria das vezes nos as olhamos de maneira totalmente errada. o que não sabemos e que mais loucos somos nós porque vivemos o tempo todo presos a alienação de um mundo capitalista, onde os que mantém uma postura diferente, são taxados como loucos, mas o que não sabemos é que nós estamos longue de ser-mos normais. os que são diferentes, aoi menos são livres e nós? o que somos verdadeiramente? pra falar a verdade... não sei!!

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